Ontem, "bati os olhos"
de novo neste texto muito bom que a Sílvia escreveu há uns anos atrás. Esta
visão e golden-rules ao alcance de muito poucos ("alcance" read:
"compreensão") são um dos lados da "moda" que mais aprecio,
não fosse o nome deste blog the E. word...
A minha perspectiva deste
texto não é a crítica "às meninas de hoje", tendo-me mais para o
"alerta" da falta que faz a graciosidade, a delicadeza, a
boa-educação, a inteligência e, claro, a elegância.
É verdade que somos mais do que aquilo que
vestimos. Isto está dito e mais que dito e até repetido e mais que repetido.
Também podemos ser menos do que aquilo que vestimos. Isto não é tão dito mas
digo eu, valendo aquilo que vale. Porém, se a moda é expressão dos tempos, de
uma época, de uma cultura, de um contexto social, também é uma forma de
expressão pessoal, do ego, do individual – que interage e recebe influências
que, concludentemente, se materializam depois naquilo que pomos em cima, numa
extensão daquilo que somos. Esta componente semiótica da moda, o facto de “uma
imagem valer mais que mil palavras” deixou-me outro dia a pensar no quão
vulgares as pessoas estão. Falemos das raparigas porque são elas que conheço
melhor nisto do vestir.
Há uns dias estava a ver fotografias de uma festa
nocturna de uma discoteca e, vendo aquelas miúdas, da minha idade, de sorriso
aberto a olhar para a fotografia, não deixei de sentir que eram clones umas das
outras. O sorriso trazia pouca alma e as roupas, ainda que diferentes, eram
iguais, ou tornavam-se iguais tal era a falta de personalidade que dali
emanava. Todas elas vestiam as roupas da loja mais in do sítio, quase
que num grito de: saio para ver e ser vista mas não tanto para me divertir.
Mais que isso, e a meu ver, perdeu-se a classe, a finura, a sofisticação, a
elegância que é tão, mas tão importante em tudo o que fazemos.
Se antes tínhamos uma Audrey Hepburn que de calças de ganga, lenço na cabeça e sabinas pretas tocava com graciosidade um Moon River à janela, hoje temos a miúda com bronzeado solário e decote, saia curta e de preferência justa a dançar freneticamente Lady Gaga. Tem algum mal? Não. Tenho alguma coisa que estar a julgar? Também não. Ainda assim, não deixo de pensar que nos fazem falta mais meninas Moon River (mais dream makers que heart breakers, como diz a própria música). Não sei que significado isto tem. Dirão vocês que a sociedade tem a mentalidade mais aberta e, como tal, mostrar o corpo tornou-se muito mais normal e aceitável. Não deixa de ser verdade. Mas será mais bonita a menina da discoteca ou a que, em 1961, se sentou ao parapeito da janela? O que faz falta são meninas de 20 anos que se vistam como tal, que saibam ser meninas – não vão sê-lo sempre, sabiam? – e que saibam ser mulheres de forma refinada. O charme usa a mesma estrada do bom gosto e do menos é mais.
Se antes tínhamos uma Audrey Hepburn que de calças de ganga, lenço na cabeça e sabinas pretas tocava com graciosidade um Moon River à janela, hoje temos a miúda com bronzeado solário e decote, saia curta e de preferência justa a dançar freneticamente Lady Gaga. Tem algum mal? Não. Tenho alguma coisa que estar a julgar? Também não. Ainda assim, não deixo de pensar que nos fazem falta mais meninas Moon River (mais dream makers que heart breakers, como diz a própria música). Não sei que significado isto tem. Dirão vocês que a sociedade tem a mentalidade mais aberta e, como tal, mostrar o corpo tornou-se muito mais normal e aceitável. Não deixa de ser verdade. Mas será mais bonita a menina da discoteca ou a que, em 1961, se sentou ao parapeito da janela? O que faz falta são meninas de 20 anos que se vistam como tal, que saibam ser meninas – não vão sê-lo sempre, sabiam? – e que saibam ser mulheres de forma refinada. O charme usa a mesma estrada do bom gosto e do menos é mais.
O Breakfast at Tiffany’s, filme
eterno e que eternizou essa cena, foi traduzido para português como Boneca
de Luxo e o luxo, que não sendo necessariamente sinónimo de
riqueza ou bens materiais, é, necessariamente, antónimo de vulgaridade.
Falando em vulgaridade, acabo com as palavras de Doris Day* que de melhor forma
explicam aquilo que pretendo transmitir neste texto:
“A vulgaridade começa quando a imaginação sucumbe ao
explícito.”
*Há um erro no post original, em vez de Doris Gray deve ler-se Doris Day.