14 January 2014

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A tua imagem perdida por entre as linhas do raciocínio.

Esquecer-te

Aliviar a tensão do maxilar que há anos me destrói os dentes.
Andar em frente, sem a angústia no corpo, tornando-me mais que alma.
Mais que choro.

Esquecer-te

Atravessar sem dor e sem mácula os passeios outrora pisados.
Tardar o cair da noite, gostar de olhá-lo luz.
Ver o cinzento da calçada e não o sentir Eu.

Esquecer-te

Abrir a janela pela manhã e não ter medo do pesadelo sonhado, quase tão real, quase tão Tu.

Esquecer-te

Abrir os passos largos do destino e acertar o ar com outro respirar mais acelerado.
Deitar ao lixo o velho guarda-roupa onde não havia uma peça de Verão por sentir só frio.

Esquecer-te

Olhar noutros olhos, em todos os outros que não teus, e ver alguém que não Tu.
Tudo o que sou, ser, aos poucos tudo o que já não era, acordar.

Esquecer-te

Repousar num peito que me quer, e que eu quero. Sem mentiras nem enganos, sem ti no olhar furado, sem Ti.

Esquecer-te, por fim.

Tentar ferozmente lembrar-me da tua face e todos os teus cantos estarem apagados.

Sara da Costa Oliveira

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