17 February 2014

Boa noite.

Vai dormir, pequena, ainda que acordada.
Vive sonolenta na viagem,
Adormecida nos sentidos,
Com calma na corrida.
Sem, com
Com, sem
Faz-te igual
Debilita o prazer,
Assim, quando partir,
só tem ida, sem volta,
Sem esperas.
Sem poder.
Com, sem
Sem, com
Faz-te igual
Dorme, amor, sê paciente.
O refluxo do pensamento só vira Mundos ao contrário,
E o chão não é céu,
O chão nunca vai ser céu.
Esquece os dias, sê inutil como as nuvens,
A chuva, bem sabes, cai sempre no mesmo sítio.
Com, sem
Sem, com
Faz-te igual
Fecha os olhos, pequena.
Não tenhas consciência do sonho,
ele só existe para o acordares, bem sabes.
Sorri, amor, sorri.
Quanto mais vires que a rua é estreita,
as árvores longas e esguias,
e tu mais mais estreita, e mais esguia ainda.
Sem, com
Com, sem
Faz-te igual
Respira, meu amor, inspira.

A náusea acaba quando a manhã passar para outra rua qualquer.
E aí já estarás perdida, por ti.

Sara da Costa Oliveira

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