Não há dúvida que a vida vai mudando. Muito, constantemente. Por vezes
de uma forma que não permite que volte atrás, que desfaça o que fiz, o
que fui fazendo. Mas depois, depois existem aqueles pensamentos
imutáveis que estão cá sempre. Que me acompanham mesmo que mude a
geografia do sítio onde me encontro. Vão, estão sempre comigo porque são
indissociáveis, tatuados os sentimentos na pele, em que mesmo que pinte
por cima, não desaparecem. Finjo apenas que não estão lá porque não os
vislumbro ao primeiro olhar, mas depois, se ficar concentrada e fixada, começo a ver novamente os recortes do que já foi. As linhas ganham
novamente outra definição e momentaneamente, apenas numa fracção de
segundo, volto a sentir um desconforto que quase se torna um mal-estar
tão bem conhecido, mas do qual não tenho saudades.
Às vezes gostava
tanto de não pensar, ser acéfala. Simples na essência. Questionaria
menos, angustiar-me-ia menos, seria mais feliz. Sendo que sou feliz,
muito. Menos por momentos, quando volto a sentir um desconforto ao ver
na pele aquelas linhas vincadas de memórias de tempos passados.
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